Após 30 anos de vida, o sistema de arquivos ext2 se tornará obsoleto a partir do kernel 6.9 por falta de suporte para datas além de 2038.
Desenvolvido como sucessor do Extended File System (ext) original, o ext2 foi lançado em janeiro de 1993, projetado para superar as limitações de seu antecessor e do sistema de arquivos FAT, que era amplamente utilizado em ambientes DOS e Windows na época.
Agora, com 30 anos de vida, o sistema de arquivos ext2 está marcado como obsoleto no próximo kernel Linux 6.9 por falta de suporte para datas além de 2038.
Sistema de arquivos ext2 se tornará obsoleto a partir do kernel 6.9
Nas últimas três décadas, o ext2 tem sido parte integrante de todas as versões do kernel Linux, servindo como sistema de arquivos para distribuições Linux até a virada do milênio, por volta de 2002-2003.
Porém, como todas as tecnologias, o ext2 atingiu o seu crepúsculo, dando lugar a alternativas mais novas e avançadas, nesse caso diante do sistema de arquivos ext3.
A transição do ext2 como sistema de arquivos padrão para sistemas de arquivos mais avançados como o ext3 aconteceu em momentos diferentes para várias distribuições Linux.
- O Debian começou a usar ext3 como padrão na versão Debian Sarge (3.1), que foi lançada oficialmente em junho de 2005.
- O Red Hat Linux introduziu o ext3 como opção padrão na versão 7.2, lançada em outubro de 2001.
- A transição do Slackware para usar ext3 como opção recomendada veio com o Slackware 9.1, lançado em setembro de 2003.
- O SUSE Linux começou a oferecer o ext3 com o SUSE Linux 9.0 em outubro de 2003 como uma opção, mas o ext2 ainda era amplamente usado em versões anteriores.
Por que estamos listando esta rápida jornada pela história? É porque o ext2 está à beira da aposentadoria depois de três décadas.
O sistema de arquivos ext2 foi marcado como DEPRECATED na versão 6.9 do kernel Linux, que será lançada em breve, e está previsto para chegar em meados de maio devido a uma limitação significativa: sua incapacidade de suportar datas além de 19 de janeiro de 2038.
Esta decisão é baseada no design do sistema de arquivos, que não acomoda carimbos de data e hora de inode que se estendem além do limite do “Ano 2038”.
O problema do ano 2038, semelhante à muito discutida questão do Y2K (o famoso bug do milênio), surge do armazenamento de valores de tempo como números inteiros de 32 bits. Esses números inteiros irão estourar no início daquele ano, levando a possíveis imprecisões de dados e falhas no sistema.
Em resposta, os desenvolvedores do kernel Linux introduziram uma palavra-chave “DEPRECATED” na descrição do parâmetro do kernel para ext2.
Esta mudança alerta os usuários sobre as limitações desatualizadas do sistema de arquivos e os leva a alternativas mais contemporâneas que garantem longevidade e estabilidade.
A recomendação para usuários atuais do ext2 (se houver) é fazer a transição para o driver ext4.
Este driver oferece compatibilidade retroativa com ext2, garantindo uma migração perfeita para os usuários. Ele acomoda sistemas de arquivos sem diários ou extensões, fornecendo uma solução versátil para uma ampla variedade de casos de uso.
Além disso, o ext4 aborda a limitação do carimbo de data/hora de frente, suportando carimbos de data/hora maiores, visto que o sistema de arquivos é criado com inodes de pelo menos 256 bytes.
É claro que rotular ext2 como DEPRECATED não levanta preocupações. Na prática, o ext2 serve mais como uma relíquia do passado do que como um sistema de arquivos em uso ativo.
Além disso, até mesmo seu sucessor, ext3, foi praticamente totalmente substituído pelo ext4, que agora é um dos principais sistemas de arquivos do qual a maioria das distribuições Linux depende.
Atualmente, não há comentários sobre a duração que o ext2 permanecerá em futuros kernels Linux marcados como DEPRECATED antes de sua eventual aposentadoria. Embora esta mudança não ocorra num futuro próximo, o movimento inicial em direção à sua eliminação já começou.