E a SFC processou a fabricante de TV Vizio por violação da licença GPL, pois a empresa usa um sistema operacional chamado SmartCast OS, que é baseado no Linux.
A The Software Freedom Conservancy (SFC), uma instituição sem fins lucrativos encarregada de defender o direito de reparar software dentro dos princípios do software livre e de código aberto, decidiu processar a fabricante de televisão Vizio por violar a licença GPL.
SFC processou a fabricante de TV Vizio por violação da licença GPL
A GPL é copyleft, o que garante, em seus próprios termos, que todo usuário de software lançado sob aquela licença tem a liberdade de executar, estudar, compartilhar e modificar o código-fonte, desde que seja redistribuído sob os mesmos termos.
Com isso na mesa, não é preciso ser um cientista espacial para adivinhar que a Vizio assumiu o software GPL sem posteriormente redistribuir o código-fonte, violando assim os termos da licença.
Aparentemente, as smart TVs da Vizio usam um sistema operacional chamado SmartCast OS, que é baseado no Linux. Neste ponto, nem é preciso dizer que o kernel usa o padrão GPLv2 como licença, então a empresa é obrigada a publicar o código-fonte.
No entanto, a criação de Linus Torvalds não parece ser a única violação da licença GPL por Vizio, já que o sistema operacional também usa U-Boot, Bash, Gawk, Tar, Glibc e FFmpeg sem publicar o código-fonte.
O processo da SFC foi o último recurso depois que a instituição informou à Vizio, em agosto de 2018, que havia violado a licença GPL.
Depois de tentar por canais diplomáticos por anos, Vizio não deu seu braço para torcer, então a SFC foi forçada a abrir um processo contra o fabricante de televisão para ver se consegue ver o motivo.
A SFC declarou por meio de seu site que não pretende prejudicar a Vizio com seu processo, “mas busca acesso a informações técnicas que as licenças copyleft exigem que a Vizio forneça a todos os clientes que compram seus televisores (especificamente, o autor solicita as informações técnicas através de ‘desempenho específico’ em vez de ‘danos’)”.
Karen M. Sandler, diretora executiva da SFC, comentou que a situação “torna este litígio único e histórico em termos de defesa dos direitos do consumidor”, uma vez que é a primeira vez que é movido um processo por violação da GPL em a fim de defender os direitos dos consumidores como licenciados de terceiros, em vez de desenvolvedores originais do software.
Como nossos leitores regulares bem sabem, o fato de usar GNU/Linux lhes dá o direito de acessar o código-fonte do software que estão usando, porque além da GPL e sua natureza copyleft, é raro que uma distribuição feche o que é publicado sob Apache 2, BSD, MIT e outras licenças mais permissivas.
O SFC comenta que analisou a situação dos televisores Vizio e concluiu que o fabricante “não só não forneceu o código-fonte e as informações técnicas exigidas pelas licenças copyleft, mas nem mesmo informou seus clientes sobre o software copyleft e os direitos concedidos para eles como consumidores”.
Veremos como acaba essa bagunça, porque às vezes o litígio pode levar a situações um tanto kafkianas. Se Vizio quiser fechar o código sem dar explicações, poderia pegar o exemplo da Sony e usar o FreeBSD como base.