Compradas por entusiastas de tecnologia e outros tipos de usuários, as remessas do Flipper Zero foram apreendidas no Brasil.
O Flipper Zero é uma ferramenta portátil de segurança cibernética multifuncional que permite que pentesters e entusiastas de hackers mexam em uma ampla gama de hardware, suportando emulação de RFID, clonagem de chave de acesso digital, comunicações de rádio, NFC, infravermelho, Bluetooth e muito mais.
Desde que foi lançado, os pesquisadores de segurança demonstraram os recursos do Flipper Zero nas mídias sociais, mostrando como ele pode acionar campainhas, executar ataques de repetição para abrir portas de garagem e destravar carros e ser usado como uma chave digital.
Agora, a Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil está apreendendo as compras recebidas do Flipper Zero devido ao seu suposto uso em atividades criminosas, com os compradores afirmando que o órgão do governo rejeitou todas as tentativas de certificar o equipamento.
Remessas do Flipper Zero foram apreendidas no Brasil
Várias pessoas no Brasil que compraram a ferramenta de hacking Flipper Zero relataram que suas remessas estão sendo redirecionadas para a agência de telecomunicações do Brasil, Anatel, devido à falta de certificação com o departamento de radiofrequências do país.
Esse tipo de apreensão geralmente está associado ao cumprimento das normas eletrônicas e de telecomunicações do país para aparelhos emissores de sinais de rádio.
Como a Flipper Devices INC não é certificada no Brasil de acordo com esta norma, ela não pode circular livremente no mercado brasileiro.
Porém, conforme explica a Electronic Frontier Foundation (A agência dos EUA equivalente a Anatel) em relatório recente e a partir de e-mails vistos pelo site BleepingComputer, a agência Anatel sinalizou o aparelho como ferramenta utilizada para fins criminosos, dificultando sua liberação e impedindo que chegasse ao seu destino final.
O Flipper Zero ganhou reputação de usuários que exibiram seus recursos de hacking nas mídias sociais para realizar atividades ilegais, como destravar carros, alterar preços de bombas de gasolina, interceptar e armazenar sinais de controle remoto, abrir portas de garagem e muito mais.
Embora o dispositivo não use hardware ilegal ou impossível de encontrar em outro lugar, seu sucesso no mercado alimentou uma onda de atenção negativa da mídia que o retratou como um risco para a sociedade.
As interceptações inesperadas da ferramenta multifuncional portátil de US$ 169, criada para testadores de penetração e entusiastas de hackers, começaram no início do ano e ainda continuam.
Compradores do Brasil têm trocado conselhos no Reddit nos últimos meses, tentando obter seus itens liberados pela Anatel.
Um usuário postou instruções analíticas sobre como solicitar à Anatel um certificado de homologação pessoal para o Flipper Zero, que deve torná-lo utilizável pelo comprador, mas impede a revenda para outros no Brasil.
No entanto, muitos compradores relatam que a agência rejeitou esse procedimento de certificação porque o Flipper Zero está sendo usado para facilitar o crime.
Uma carta recebida por clientes da Flipper Zero no brasil diz o seguinte:
“A área de certificação da Anatel informa que o equipamento denominado FLIPPER ZERO tem sido utilizado no país por usuários mal-intencionados na facilitação de crime ou contravenção penal e, conforme disposto no inciso II do Art. 60 do Regulamento de Avaliação da Conformidade e Homologação de Produtos de Telecomunicações (anexo à Resolução nº 715, de 23 de outubro de 2019), a Anatel rejeitou todos os pedidos de homologação do produto em questão, a fim de colaborar na proteção dos cidadãos brasileiros contra ações criminosas.”
A Anatel finaliza a mensagem informando que o item será devolvido aos correios com a sugestão de devolução ao remetente.
A EFF argumenta que as autoridades brasileiras banindo completamente o Flipper Zero no país limitarão o acesso dos pesquisadores de segurança a poderosas ferramentas portáteis de segurança cibernética, prejudicando seu trabalho e impactando negativamente o campo.
“O Flipper Zero tem usos claros: testes de penetração para facilitar o endurecimento de uma rede doméstica ou infraestrutura organizacional, pesquisa de hardware, pesquisa de segurança, desenvolvimento de protocolo, uso por amadores de rádio e muito mais”, argumenta a EFF.
“A criação, posse ou distribuição de ferramentas relacionadas à pesquisa de segurança não deve ser criminalizada ou restringida de outra forma.”
Aqueles que compraram os aparelhos da Joomf e tiveram o Flipper Zero apreendido foram informados de que seriam reembolsados.
